O TEATRO
E O CINEMA
EM JÚLIO DE
CASTILHOS
Júlio de
Castilhos era vila ainda, quando teve o seu “Theatro Municipal”, inaugurado no
último dia do ano de 1912. Há 102 anos, portanto. Foi a principal obra cultural
do Intendente Álvaro Hippolyto Pinto.
O terreno para
construção foi adquirido do médico Dr. José Alves Valença. Construído por um
firma de Bagé, o teatro tinha somente a frente de material e era coberto com
telhas de zinco. Comportava 168 lugares, a metade do atual. Não tinha
poltronas, mas cadeiras coloniais.
Somente em
1919, houve uma grande reforma: foi extinto um pequeno “café” no saguão do
prédio, ficando mais espaçosa a entrada. Os doze camarotes tiveram cobertura de
belbutina, uma espécie de veludo. O interior teve pintura e decorações novas e ”confortáveis
mobiliários”. Os melhoramentos foram inaugurados com uma peça encenada pela
Cia. Ribeiro Cancella, despertando o entusiasmo dos amadores da vila.
Durante anos o
Theatro Municipal recebeu muitas companhias nacionais de teatro e operetas,
além de concertos de violinistas, pianistas, cantores, mágicos, conferencistas
e outros artistas da época.
Todos os
espetáculos de teatro amador eram ali realizados. Entre os diretores do passado
teve destaque Lourival Hausen, o avô de Berenice Hausen Messerschmidt.
Em 1914, o
cinema começou a funcionar no Theatro Municipal.
No início eram
filmes mudos e a máquina de projeção era “tocada a mão” pelo operador. Para as cenas de ação a manivela funcionava
mais rápido e para as cenas de amor, adequadamente mais lenta. A projeção era
acompanhada por um pianista, flautista, violinista, ou até pela banda municipal
ou uma orquestra própria. Em 1930, a orquestra foi substituída por um gramofone
de pé com ótima coleção de pesados discos de carnaúba: valsas, marchas,
mazurcas, foxtrote e outras que iam sendo substituídos convenientemente para
acompanhar o filme.
Somente em
1933, foi introduzido o cinema falado em Júlio de Castilhos, com a instalação
do “Vitaphone”, uma maquina elétrica que projetava filmes de celulóide (o
plástico da época) e cada filme era acompanhado de um grande disco que era
colocado no gramofone. No início do filme havia uma faixa preta que marcava a
ocasião de largar a agulha no disco.
O celulóide
rebentava muito. Os filmes muito remendados encurtavam um pouco, enquanto o
disco permanecia íntegro. Surgiam, então, problemas sérios e hilariantes: o
bandido estava morto e só depois se ouviam os tiros ou a donzela falava com voz
de homem e vice-versa!
O antigo “Theatro
Municipal” teve sua época e, em 1935, quase um quarto de século depois, já
estava em péssimo estado. Não oferecia segurança e comodidade e a Intendência
publicou um edital de doação a quem propusesse construir um edifício “com todos
os requisitos de técnica moderna” e não destinar o imóvel para fins diversos de
teatro e cinema, sob pena de reversão ao patrimônio público.
Em 1939 foi
inaugurado o Cine Teatro Palácio que foi, por quarenta anos a diversão diária
dos castilhenses da cidade. Permaneceu, depois, inativo por oito anos e, em
1987 fechou definitivamente.
Graças,
principalmente, a ações da Dra. Sonia Abreu e da Profª Marli Alberto,
finalmente, em 28 de maio de 2001, a Prefeitura recebeu as chaves desse valioso
e nobre prédio que, restaurado e readaptado, foi inaugurado como a maior obra
cultural da administração João Vestena: o Centro Cultural Álvaro Pinto.
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